Monday, January 23, 2006





01/11/06
Querido correspondente,

O Museo de la Revolución, em Havana é um prato cheio para conhecer a história política de Cuba. E é aqui que a ilha resolveu, bem ou mal, construir sua própria história.
Mas o Caribe é fantástico: proporciona experiências únicas! Devo entender o fascínio do cinema por este país e compreender o porquê de tão boa graduação neste segmento. Aqui temos diversos países nas mais variadas geografias inclusive uma em formato de Jacaré. É dificil visualisar o réptil daqui de baixo, mas ainda assim os olhos se mantêm fascinados com a informação e já começam a conjugar pronomes em terceira pessoa...
Apesar dos países vizinhos terem curiosos detalhes, Cuba é única. E foi aqui , nesta ilha no caribe, que Colombo começou a ocupação do Novo Mundo. Dá pra supor as lógicas matemáticas e sensitivas deste ser desbravador por esta novidade. E è assim: Trindade e Tobago tem dois nomes e duas ilhas, mas é um país só. Saint Martin/Sint Marteen é a soma de dois nomes de origem francesa e holandesa, mas não chega a se tornar um país. Cuba só tem um nome, um idioma só, um partido político só, um chefe só e, para complementar por minha conta: é um lugar único! Mesmo!!!

E é incrível como nesta ilha, de 11 milhões de pessoas, o acesso à saúde é total. As taxas de analfabetismo são insignificantes e a expectativa de vida é de 75 anos para os homens e 80 para as mulheres. Acho só uma pena que o salário mínimo do cubano seja de 15 dólares e sem direito de ir e vir. E diante desta desvalorização que me comove tanto... Aqui viemos logo e devemos partir tão logo! Ou viramos filés à cubana, com direito a rolar como bananas na areia das praias, para sermos empanados e servidos na companhia das fritas na hora do jantar. E suponho aqui já ter perdido a lucidez total, estando a enfeitar com cores fantásticas o meu passeio... Não se assuste, é apenas uma natural conseqüência do prazer que eu tenho de estar por aqui... Por que Cuba é um país extremamente seguro devido à ação dos CDRs (Comitês de Defesa da Revolução), que são responsáveis pelo zelo da ordem, da organização de campanhas de vacinação, limpeza das ruas e da segurança do bairro. Tem pelo menos três policiais em cada esquina. E Eu ainda não encontrei lugar pra pitar com a pantera! E ta,bem não encontrei Fidel... nem o Che!!!
... Mas... Na companhia de um daiquiri, sentada num bar em Veradero, aprecio você na salsa, na rumba, no mambo, no chá-chá-chá, na conga, no bolero, no merengue e no Reggae... Danças como ninguém e o suor que escorre na vermelhidão das suas viradas caribeñas me põem a bailar contigo.
E nestes ritmos locais, hoje, acordamos estirados na praia... banhados pelo salgado da vida marinha e cheios de ressaca. Eu trouxe seu lado latino como pode perceber e realmente acordei jogada nas areias cubanas... Como uma banana empanada e sentindo, mesmo, que ontem estiveste presente! De qualquer forma... Devo seguir pro México! O tempero lá deve arder as adversidades até... e tenho sede de cores e contrastes!

Saudosamente sua,

T. Muchacha

P.S: ¡Tengo gusto de su gusto Me caí su olor profundo dentro de mi nariz que sigo en la búsqueda de el nuestros templo como pronto... Vuelto para satisfacerme en Indonesia, hacia un adiós delicioso del verano! besitos cabrón!

01/10/06

Querido correspondente....

Não sei mais onde estou! Comecei a seguir as nuvens, e venho há dias, pegando carona por aí. Imagino estar na Venezuela... Imagino certo! As nuvens, tanto quanto a fumaça ou a brasa queimando em fogueira, sempre foram a cólera que acelera o meu órgão pulsante vital. E acabei ficando ainda mais curiosa sobre essa imensidão de formas brancas depois que descobri que os cientistas já aprenderam muito sobre as nuvens, principalmente com o advento dos satélites artificiais, durante as décadas de 1960 e 1970. Mas que, apesar desses anos de pesquisas e do surgimento de ferramentas tecnologicamente cada vez mais sofisticadas, os cientistas continuam sem solução para uma das questões mais básicas: uma definição de nuvem. Não é fascinante meu amado?
A definição é dependente do instrumento utilizado para defini-la e é tão variável quanto indefinível... Ahhh, isso me faz lembrar do dia em que estávamos na Índia e conhecemos a teoria Quântica. Lembra? As possibilidades, as inúmeras localidades da matéria e a vontade... e a incapacidade humana de compreender o que está além do logicamente provável!
Ainda supondo estar na Venezuela tenho que te contar do cientista que me deu carona e que iniciou todo assunto desta carta... Ele fazia o microfone estalar um som ritmado só de passa-lo nas minhas costas e com sua imensa vocação e paixão pelas nuvens ele acrescentou que tentar definir as nuvens é "como dar-lhes notas: Se você atinge 90 ou mais, você ganha A; mas o que dizer de alguém que atingiu 89,8 e só ganhou B? Isto é válido?
Ainda falando do mesmo... soube que ele vive em busca desta definição, e segue seguindo os rastros da primeira nuvem que o despertou interesse.
Eu estou sob a carona dele há um bom tempo, o que você deve notar pela ausência de notícias, mas ainda não sei o nome deste senhor meio maluquinho. E para enfim chegarmos ao espanhol, conversamos em vários idiomas tentando nos entender... ele é tão obcecado pelos algodões celestes que se perde todo para sair delas e trocar palavras. E não sabendo muito sobre ele, supus que ele tivesse nascido no Equador e passado a vida desde os 3 anos na carona do caminhão de seu pai (esse mesmo que me transporta)... suposições são, para mim, uma forma encantada de enfeitar as pessoas com cores e flores por mim sugeridas...
O vento aqui não me toca a face pois o calor me faz marrom. Não quero entender muita coisa, nem parar muito tempo aqui... Por isso parei um pouco para sentir para que lado me leva o tempo. Acabei de tomar um banho gelado na bica de uma casinha na beira da estrada. Comi Chili com pão sírio e estou a descansar no porão desta hospedaria.
Hoje é dia do Fotógrafo e não pude deixar de fotografar você no pensamento por todo o decorrer deste dia... E lembrei-me das fotos que vejo nas suas retinas. E é estranho te conhecer tanto na filosofia e ainda corresponder-te com a mesma euforia emblemática. Esse hábito, de estar postando, me faz criar ou memorar-me das palavras que queria ter escrito quando descobri as letras. E essas recordações me trazem bons amigos... resgatam velhas químicas, e o cheiro de coisa guardada no sol marrom tem sabor de madeira e de campo.
Meus olhos já se fecham ao retratar você. Talvez seja um impulso instintivo de encontrar-te quando adormecida... Ou a certeza de que hoje irei fazê-lo... Ou o ardor climático que me fadiga o corpo e reclina minha cabeça sobre os seus braços enquanto escrevem...
E por isso, lamento ser corriqueira e previsível... embora ainda insista em te trazer notícias nossas.
Un beso en la costilla, uno abrazo
i uma fungada bochornosa en el viento que bate en la cara que hace despertado encima hasta de este adios!

P.S: Ouvindo uns acordeons enferrujados, meus olhos buscam perdidamente a afeição da curiosidade alheia!
Tua,
T. Muchacha