Wednesday, September 27, 2006
Não quero ser politizada.
Eu não.
Ora, não te parecem as pessoas politizadas demasiadamente sérias ou partidárias em exagero?
Ou não te parecem descrentes ou insatisfeitas demais?
E ainda que não sejam serias o suficiente para incomodá-los... Mas fosse eu mais politizada e estaria estrepada ou condenada a um partido sem qualquer futuro. PAI: partido do amor incondicional. Ora essa e tem cabimento elaborar qualquer fundamento político com essa legenda?
Condicionada a viver perpétuamente nesta caixa redonda terrestre já me foi dado o mínimo de politização necessário à espécie humana. E a este princípio existencialista, obigada, eu agradeço e amén!
A mim não!
A mim não cabe saber mais do que, osmóticamente sei, por estar nesta era. Não. A mim coube nascer do amor, viver do amor, perpetuar o amor e, quiçá, morrer com tamanho exagero desse tal sentimento.
A mim não coube o dom da inteligência extraordinária e nem me coube a insuportávelmente beleza do ser. Não!
Coube a mim chorar desaguada quando ao final de três longas horas concluo, alegre, o assistir da Insustentável leveza do ser.
A mim também não coube nascer em berço de ouro e nem coube a mim e ainda e também receber, sem o fazer por merecer, o amor incondicional, necessidade essa intrínseca à espécie.
A mim coube nadar e nadar e nadar pra morrer na praia. E quando já desinteressada por tudo que falasse de amor e desiludida pensasse em seguir a vida política para pelo menos enriquecer sem muitas medidas, coube a mim deparar-me com ele no mar, no ar ou o que quer que fosse o meio que ele fizesse exalar seu odor incomparávelmente fétido e fetichento. E de novo o amor esteve em mim!
A mim coube a difícil tarefa de aceitar em Pessoa a capacidade de ser medíocre mas não mediano. A mim couberam olhos a mais, sentidos demais, desejos inconcebíveis ou sentimentos demais... Coube a mim culpa demais, dramaticidade demais e inconsistências demais!
A mim coube observar ainda em Pessoa que, como eu, ele era medíocre às formações políticas mas em tudo o que foi sócio-qualquer coisa tivera sido ele essencial à esta raça desacreditada, dessensibilizada e demente.
A mim coube a esperança do afeto, a necessidade do objeto para amar. E me serviram os amigos, os inimigos, o meu filho, os dos outros, e até o mendigo. Mas tudo isso sem potenciais para politizar.
E a mim coube o cuidado de não estranhar que sejamos tão modernos quanto tecnológicamente mais evoluídos que qualquer um de nossos pais ou antepassados, mas perante eles sermos tão descrédulos e superados pela capacidade de amar!
Eis aqui o que me caberia se amor fosse legenda política: amar e quando não acreditar ou não puder ou não desejar... amar. Até vomitar e depois esfomeado de amor se alimentar... e ahhh mar!!!
Mais uma vez não me reservo a sufocante modéstia descabida e depreciativa não. Em matéria de amor eu sei mais que o Geraldo Alckmin, amar!!!... Mas nem assim espero o emergente acesso ao que julgo o retrocesso da espécie humana: a cadeira Mercadante de uma empresa qualquer.
A mim não! Esperidião Amin? Não!!!!!!
A mim coube o feudalismo, o romantismo ou o antropocentrismo se é que sei oque estou a dizer. E se não cabe a mim sabê-lo, sigo feliz por ser ignorante o suficiente para continuar crendo.
Uma homenagem à minha alma siamesa, ao meu amado preto, à minha cria dotada da responsbilidade de encher o tanque do meu reservatório de afetos.
A todo o resto a minha capacidade, o meu desassossego quando estão em desafetos e os meus ouvidos.
Com amor, por que em mim é só o que cabe!
Sem mais politizações, principalmente em véspera de eleições,
Lula lá ou não... danem-se. No dia da eleição eu justifico meu voto por que estava a amar!
Tata la muchacha ignorante e pra rimar... amante!
Estou eu dormindo muito?
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