Wednesday, February 08, 2006


Querido correspondente,

Cheguei ao insuportável hoje. E hoje,não posso lhe escrever.
Estou indo para uma viagem transcendente que de tão violeta parece transformar.
Por isso, não tome esse desejo súbito de viajar sozinha para a Quarta Dimensão como insulto. Ou não veja, aqui, rachaduras na parede.
Enquanto me detiver lá, tudo aqui fica colorido, engraçado e forte como eu sempre fiz que fosse. Descobri hoje, que toda a força que está por trás das movimentações energéticas na Terra vem do chakra sexual. Nele está a energia mundana, a força de transmutação. E essa energia sexual que cada um armazena é denunciada pela maneira de falar ou pelo tom de voz, sabia?
Bom, meu querido, sigo calada pra não dar a bandeira de que acabaríamos com um pote de nutella se eu ficasse... E, ainda sobre a minha opção de isolamento, peço que aceite sem que muito possa compreender. Hoje, meu corpo revela feridas que me dilaceram e me ameaçam despertar terror. Preciso fazê-las tingir ou partir tão logo quanto solitárias...
... Esmigalhariam-me os olhos e, talvez, me tornariam obsessivamente sanguinária. Além de que, também me deixariam solta para destilar palavras e verbos hipocondríacos...

Por isso, descontando os tons da dramaticidade natural de minha pessoa, não quero que isso entre nossas correspondências. E também por isso estou indo logo. Mas também por isso, volto logo e te escrevo, finalmente, da terra dos pequenos frascos.
Aliás, poderíamos nos encontrar em Veneza. Estarei tão perto quando voltar e, talvez, tão saudosa de ti...
Mas agora eu preciso ir. Já tenho o colo ferido e dizem que lá, na Quarta Dimensão estão os melhores curandeiros. Do candomblé ao zen-budista. De Maomé aos charlanistas.

Mas não esquece de que estaremos sempre, eu para você e vice-versa, na terceira porta!!! E, hoje, eu necessito a quarta!
É com amor que lhe entrego as chaves de casa. Não esqueça de regar as plantas e enfeitar o seu jardim predileto quando estiver por lá!!

Sem latinidades...

Tata Gonçalvez,

Por que hoje a Muchacha saiu...

namastê honeypie!