Saturday, June 09, 2007


as vezes distraio-me dos fatos

e percebo que me falta não-tentar entender

há coisas que exalam por sitodo encanto

por não fazerem sentido

ou por ocultarem motivos

são apenas fatos

fagulhas de um cintilante tecido de algodão

enfeitando o céu de uma tarde esquisita

e como são esquisitas as nossas dependências do saber

o nosso vício de procurar entender

os nossos incansáveis porques

...hoje não

há algum tempo que não explico meu ausente entusiasmo

pois não é falta de euforia

me concentro em me perder no admirado mundo do as-sossego

perambulo entre os incansáveis detalhes

converso com as particularidades apenas pra passar o tempopra

ganhar algum tempo

pretendo fazer amizade com ele

pra enfim passear com o não-entendo!

Friday, June 08, 2007

seu olhar emitia apenas os tons da censura
achei então que ele não sabia do que é que eu havia me entorpecido
e mais, achei também que ele nunca havia ouvido falar do CHÁ DE MIM
e eu estava certa, ele não sabia.
... e eu lá, tomada de uma indecifrável euforia, de um silêncio sorridente e estonteantemente embriagada e colorida.
as minhas pernas estão doloridas, lembrei-me.
e ainda nessa recordação voltei às pistas
onde tanto brinquei de pular só dançando.
eu estava consumida! possuída
tomada de energia em movimento
e ninguém mais me importava enquanto eu dançava.
egoísta! eu repetia as vezes
e assustada com a distância que tomava do mundo.
mas cada vez que eu me escutava
eu tinha certeza
e queria mais.
o CHÁ DE MIM tem disso mesmo.
pensei no carro e me veio o abacaxi e a bicicleta
e não tardou para eu falar: Japão!
perdida? Insana? Não, passeando com as minhas amigas!
cigarro, café, livraria e as meninas
e o pequeno espaço vazio que você deixou.
e citando você, me pergunto:
você já tomou CHÁ DE MIM?
dizem que a alegria assusta
e voltando à censura lembrei-me do medo que tenho
medo da loucura
mas de ficar e não de parecer
decidi tomar o CHÁ DE MIM ainda ontem
por isso os músculos da minha perna cantam alguma exaustão
dancei, dancei mesmo e muito.
e isso eu já disse
gosto de estar comigo
e se a minha felicidade lhe sugere alguma dissonância mental
então... não se assuste
a alegria é mesmo uma suspeita de insanidade
aos olhos de quem pouco soube vivê-la por sua tristeza
sim, ela enfeita de risos a tristeza
mas não quando eu tomo o CHÀ
qualquer gole dessa minha bebida
me faz confessar os danos
porém sem a melancolia dos prantos
e gosto de estar com ela
quando ela sou eu!
enfim, uma pequena dose de mim pode fazer disso aqui
todo o bem.
pra que fingir que não?
por que fugir?
Por que insistir em me distrair do meu próprio eu?
Todo mundo é assim
... e então, aos olhos repressores que me encaram
E conseguem invadir-me na nudez natural de minh’alma
Ofereço esta xícara de CHÁ
Chá de Mim!!!