Thursday, January 04, 2007

acho hj que o passado tem algo de um mal-resolvido
uma proposital intenção de saber onde encontrar a imortalidade
um labirinto mal desenhado que nos faz querer ficar perdidos nele...
tem também algo de bonito
uma melodia dramática e
uma tragédia romantica
que consagra cada personagem
que desenha cada trama
para ser eterna
acho hj que o passado tem algo de um mal-resolvido
multiplicado pela infinidade de possibilidades
criadas por cada pessoa
por ele escolhida
acho hj que o passado tem muitas vidas
ver é primeiro imaginar
e quiçá possa dizer
que imaginar é primeiro ver
e o que fiz de mim com estes olhos?
foi inquestionavelmente irrevogável
eu me desfiz em paixões
vendo o meu pulso se deslocar em batimentos
em qualquer esquina
por qualquer alma viva
e esfomeada
entrei na sua casa e não pude evitar
senti aguar a boca de sentir o cheiro
e estive tão dentro
que sai pelos fundos
para nem eu me notar
seja você qualquer desse odor
seria assim
por que apaixonar-se não é um dom
é uma dor
não difere
não soma
e não interfere
fere
é como a fome que dilacera o estômago
como a ferida que rasga em sangue
como o medo da morte em dias escuros
não tem palavra
é só um querer da carne
algo que ela não pode
e que ela não narre
então vem a sensação que arde
e o que fiz eu de mim?
eu vi
imaginei
vivi
parti
não sei mais daquilo que ficaria
daquilo que comigo dormiria
imaginar é primeiro ver
e oque fiz de mim com estes olhos?
não te vi
fiquei
pedi
roguei
e parti...
e agora
aceito doações de córneas
se souberem de algo ou alguém que possa me ajudar a encontrar o pote de ouro
no final do arco íris
gritem
ainda ouço falar da saliva e do gosto
mesmo que em desgosto
ainda suponho encontrar o teu rosto!